A desaprovação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a 49,8% em dezembro, marcando o maior índice de seu mandato, conforme pesquisa divulgada nesta sexta-feira (10) pela AtlasIntel para a Bloomberg. O número representa um aumento de 2,5 pontos percentuais em relação ao mês anterior. “A desaprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva atingiu o nível mais alto de seu mandato em dezembro, devido à crescente frustração com a política econômica”, apontou a análise do estudo.
Os dados mostram uma inversão de tendências nos últimos meses. Em novembro, desaprovação e aprovação estavam empatadas em 47,3%. Em outubro, o cenário era mais favorável ao presidente, com 50,7% de aprovação contra 45,8% de desaprovação.
O estudo reflete o pessimismo em relação à economia brasileira, destacando os desafios do governo para convencer a população e investidores sobre sua estratégia econômica. Segundo a Bloomberg, preocupações com o aumento da dívida pública e o déficit fiscal têm pressionado a avaliação do governo. Apesar de dois anos de crescimento econômico sólido e taxas de desemprego historicamente baixas, os brasileiros enfrentam dificuldades com juros altos e inflação.
Percepções negativas em destaque:
- Avaliação geral do governo: 43% consideram péssimo, enquanto 31% avaliam como ótimo;
- Nível de impostos: 48% desaprovam, contra 21% que aprovam;
- Combate à inflação: 46% desaprovam, enquanto 27% aprovam.
O plano de corte de gastos anunciado em novembro também influenciou a alta na desaprovação, especialmente pela inclusão de isenções no imposto de renda para trabalhadores de baixa renda. Embora populares, essas medidas foram consideradas insuficientes para amenizar os impactos da austeridade fiscal.
Segundo a Bloomberg, “a liquidação resultante derrubou a moeda brasileira para uma baixa histórica em relação ao dólar, ameaçando novos aumentos de preços que já fizeram o Banco Central começar a aumentar as taxas de juros novamente”. Apesar disso, 70% dos entrevistados manifestaram apoio a cortes de gastos como forma de fortalecer as finanças do país.
Necessidade de melhorar a comunicação
No governo, há reconhecimento sobre a importância de aprimorar a comunicação com a sociedade. “Temos que nos comunicar melhor, e venho dizendo isso há muito tempo. O governo tem que ser coerente e resoluto, não podemos deixar brechas para os resultados que queremos atingir”, declarou um ministro em entrevista à GloboNews.
Sidônio Palmeira, novo secretário de Comunicação, reforçou a necessidade de alinhar as expectativas populares com as realizações da gestão. “A gestão, a expectativa e a perspectiva popular precisam se alinhar. Esse governo fez muito e essas coisas precisam chegar na ponta. Tem alguns problemas na comunicação, mas isso deve ser um esforço coletivo de todo o governo”, afirmou.